segunda-feira, 23 de maio de 2011

O tempo

Há um tempo na vida em que as preocupações cotidianas não chegam nem perto de tirar o sono. Nesse tempo, nada é melhor do que ficar horas batendo papo com amigos, sentar no muro em frente ao prédio, tocar músicas da Legião Urbana “por horas e horas e horas” no violão, comer um pacote de Doritos com uma garrafa de 600ml de Coca-Cola e essa ser a principal refeição do dia...

Nesse tempo, havia hora pra acordar, mas nunca era o momento de dormir, sempre dava pra dar mais um sorriso, ou uma gargalhada. Ou até mesmo um xingamento, derramar uma lágrima infantil, ingênua até. Também nesse tempo, ouvia-se vozes. Essas vozes diziam boa noite sem se preocupar com o limite de 140 caracteres. E a expressão “caracteres” também não era utilizada. As redes sociais não existiam. A internet não existia. Computador era artigo de luxo. Telefone celular era um sonho. Telefone fixo, uma obsessão.

Nesse tempo, os amigos andavam grudados todos os dias. Mas muitas vezes não diziam aquilo que precisava ser dito. E o tempo passava. E passava. E passava... e passou !!!

O tempo atual é o de correr atrás do sustento. Perder o sono com as contas não pagas. Esperar ansiosamente pelo próximo quinto dia útil a partir do sexto dia útil. E, se der tempo, sonhar. Nesse sonho, voltar no tempo e repetir algumas cagadas. Mas, o mais importante, fazer outras diferentes. E mudar o tempo...

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