quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O Possante e o perdão

Nasci e cresci em uma família batalhadora. Nunca tivemos luxo, mas meus pais nunca deixaram faltar nada a mim e às minhas irmãs. Eles nunca tiveram estudo, não concluíram o ensino fundamental, mas fizeram questão de ver os filhos terminando o ensino médio. A duras penas, pagaram (e ainda pagam) um alto valor pelo meu curso superior e isso devo muito a eles. O que sempre rolou entre a gente foi o carinho, sempre um sustentando o outro nos momentos complicados
.
Meu pai sempre gostou de carros, mas nunca teve condições de comprar um semi-novo, quem dirá um novo. Mas foi muito feliz com Fusca, Brasília, Marajó, Fiat 147. Cuidava dos carros como se fossem verdadeiras máquinas importadas.

Depois de muitos anos sem carro, após vários cálculos e conversas, meus pais conseguiram comprar um carro no ano passado. Um Chevette que não lembro o ano, mas deve ser da década de 1980. Chamávamos ele de Possante. Enfrentou uma longa viagem de Bom Jesus, na serra, até chegar em casa. Sem reclamar. Por isso o apelido.

Esse carro era usado, quase na totalidade do tempo, para buscar meus filhos no colégio, para buscar minha mãe após fechar a loja às 22 horas, para levar as crianças ao médico, para levar as caixas de leite para o Lar Santo Antônio dos Excepcionais... Pois há uns 15 dias, roubaram o Possante. Assim, simplesmente, acordamos e ele não estava mais onde ficara estacionado. Um grande baque na família.

Será que os ladrões não pensaram na finalidade daquele Chevette ? Será que eles não pensaram que a pessoa que compra um Chevette não tem condições de comprar um mais novo ? Certamente não. Ladrões não pensam. Eles não tem família, não tem coração. Ladrões não tem vida. A vida deles é estragar a vida de outros.

Tento perdoar. Cristo nos ensinou a pedir a Deus "perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido". Mas é difícil. Sei que o perdão é o mais humano dos sentimentos, mas também o mais difícil. Sigo tentando. Mas a mágoa fica. Não sei quando vamos comprar outro Possante. Pode demorar muito. Mas seguimos apoiando uns aos outros, como deve ser.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

O preço da dieta

As pessoas que tem me acompanhado nos últimos meses sabem do sufoco que estou passando para perder peso. Esse sempre foi um grande problema meu. Na verdade, sempre é um exagero. Digamos que de uns dez anos pra cá. Depois que entrei na turma dos três dígitos, nunca mais consegui sair. E olha que tentei de tudo: nutricionista, academia, caminhada, herbalife... nada deu certo.

Há dois meses resolvi procurar uma endocrinologista. Confesso que foi uma atitude extrema, do tipo "ou vai, ou racha". Depois de uma primeira consulta, ela pediu alguns exames. Os resultados serviram como um alerta: a pressão estava alta e o colesterol no limite. Era preciso dar um jeito, afinal, esse é o ano de fechar as três décadas de vida.

Ela fez uma dieta rigorosa. Cortou várias coisas da minha alimentação. Só para se ter uma ideia, meu café da manhã passou a ser composto de duas fatias de pão e margarina (ambos light) e café preto com adoçante. Vamos combinar que isso acaba com o humor de qualquer pessoa. Nada de frituras, gorduras, refrigerantes, doces, cerveja... Foram vinte dias de muito mal humor. De não conseguir dar bom dia para ninguém. Até que veio a consulta seguinte e o resultado: seis quilos emagrecidos nos primeiros vinte dias. Animador. Ela até liberou "um pouco" de cerveja, uma vez por semana.

Hoje voltei ao consultório, fechando dois meses da dieta. Quando subi na balança, o susto. Emagreci 14 quilos. Sim, você leu certo, 14 quilos. Saí dos 110 para os 96 quilos. Ainda preciso emagrecer mais dez. Mas pense bem, foram dois meses. Incrível. Mas existem os poréns (ah, porém...)

Quando você fica dez anos acima do peso, suas roupas condizem com a sua forma física. Portanto, atualmente, minhas roupas estão todas grandes. Todas mesmo. Minhas calças jeans chegam a ficar ridículas. É bem aquela história do defunto ser muito grande. E as camisetas, então. Pareço aqueles cantores de hip hop americanos. Grandes demais. Por sorte, minha esposa me deu duas camisetas novas de aniversário. Ficaram ideais. No tamanho certo. Fiquei até bem vestido.

Mas você já viu o preço de calça ou camiseta em loja normal, tipo Renner ? Tá tudo muito caro. Não dá para renovar o guarda-roupa. Ainda bem que o verão tá chegando. Aí o lance é andar de bermuda e sem camisa. Depois se pensa no resto.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Carta aos jovens

Carta aos Jovens - João Paulo II
Precisamos de Santos sem véu ou batina.
Precisamos de Santos de calças jeans e tênis.
Precisamos de Santos que vão ao cinema, ouvem música e passeiam com os amigos.
Precisamos de Santos que coloquem Deus em primeiro lugar, mas que se "lascam" na faculdade.
Precisamos de Santos que tenham tempo todo dia para rezar e que saibam namorar na pureza e castidade, ou que consagrem sua castidade.
Precisamos de Santos modernos, Santos do século XXI com uma espiritualidade inserida em nosso tempo.
Precisamos de Santos comprometidos com os pobres e as necessárias mudanças socias.
Precisamos de Santos que vivam no mundo se santifiquem no mundo, que não tenham medo de viver no mundo.
Precisamos de Santos que bebam Coca-Cola e comam hot dog, que usem jeans, que sejam internautas, que escutem discman.
Precisamos de Santos que amem a Eucaristia e que não tenham vergonha de tomar um refri ou comer pizza no fim-de-semana com os amigos.
Precisamos de Santos que gostem de cinema, de teatro, de música, de dança, de esporte.
Precisamos de Santos sociáveis, abertos, normais, amigos, alegres, companheiros.
Precisamos de Santos que estejam no mundo; e saibam saborear as coisas puras e boas do mundo mas que não sejam mundanos".

Texto atribuído ao Papa João Paulo II

Lembranças do 444

Na segunda metade da década de 90 eu conheci o CLJ, movimento da igreja católica que já estava bem difundido entre a galera, mas que não havia chegado ainda na minha paróquia. Claro que o início não foi dos melhores, afinal, tudo que é colocado como obrigação a um adolescente parece chamar uma resistência. Mas o tempo foi passando e eu comecei a ficar apaixonado por este Curso de Liderança Juvenil.
Entre 1996 e 1999, fiz retiros, toquei em missas e serenatas, troquei de paróquia, ri, brinquei, briguei, me emocionei, chorei, chorei muito, chorei ainda mais, fiz centenas de amigos. Mas depois disso, imaginei que estava velho demais para seguir em um movimento "juvenil".
Agora estou próximo de completar 30 anos e resolvi novamente me entregar ao CLJ. Mas, evidentemente, não poderia ser como jovem. Atendi o chamado de Deus e assumi como "tio" (sim, isso mesmo, TIO) do CLJ da paróquia São Sebastião, o lugar onde eu nasci para a vida com Cristo.
Neste final de semana, participei do CLJ de número 444. Meu último curso havia sido o 304, em 1999. E a experiência não poderia ter sido melhor. Trabalhar ao lado dessa juventude cheia de energia e vontade de cumprir a missão de evangelizar me emocionou a todo o momento. Mesmo na missa de chegada, quando cantamos abraçados a velha e um tanto quanto piegas Utopia, foi muito difícil segurar as lágrimas.
Por isso, quero agradecer a todos os que me proporcionaram este momento inesquecível. Vocês ficarão para sempre guardados no coração.

Mas tenham certeza: este foi o último....

Até que venha um próximo !!!

Porque eu sou da Petrópolis, e a Petrópolis é diferente. E nossa missão é EVANGELIZAR !!!
Shalom !!!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Três décadas de shows

Como é legal relembrar as três primeiras décadas de vida. Décadas essas acompanhadas de uma grande paixão, a música. Dá pra dizer que aproveitei muito bem em shows, discos, fitas cassete, fitas vhs... E tudo começou muito cedo.

O primeiro show que fui, ainda criança, foi o Menudo. Não, você pode ter certeza que não me envergonho disso, porque todos da mesma faixa etária lembram bem dessa "banda" dos anos 80. O show foi no Estádio Olímpico em 1985. Na verdade, eu tenho apenas pequenos flashes deste show na memória. Pouca coisa mesmo, mas o show movimentou demais a capital de todos os gaúchos. A galera nascida depois de 1990, por favor, acessa o You Tube e escreve "Menudo" para entender isso que acabei de escrever.

Depois disso, foi apenas na adolescência que voltei aos shows, mas em grande estilo, com uma grande sequência. Ela começou em 1994, quando fui ao velho Bar Opinião para ver o primeiro show de Toni Garrido como vocalista do Cidade Negra em Porto Alegre. Bar lotado (e nem precisava muito pra isso), sem ar condicionado, apenas alguns ventiladores de teto. Ainda faltou luz no meio do show, mas a banda segurou na profi. No mesmo ano, fui ao Teatro Presidente (sim, ele ainda existia) para ver o acústico do Kid Abelha e fiquei na segunda fileira, hipnotizado pela belíssima Paula Toler. Depois do show, ainda tomei champagne com os caras da banda e ganhei uma palheta do baixista Odeid, mas até hoje não sei que fim levou aquela lembrança.

Em 1995, comecei o ano indo ao campo de futebol do Colégio Champagnat, ao lado da PUC, para ver o show do Barão Vermelho. Muito rock n' roll. Participação de Alemão Ronaldo cantando "Satisfaction" e "Campo Minado". Depois, a volta pra casa, a pé, no meio da madrugada. Ainda fui no Gigantinho em 95 para ver Lulu Santos na turnê do "Eu e Memê, Memê e eu". Só bonzinho. Nada de mais.

Já em 1997, o Planeta Atlântida era uma completa novidade, em sua segunda edição. E lá fui eu assistir Skank, Fito Paez e Kleiton & Kledir. Os irmãos, aliás, eu vi novamente em 97 no Salão de Atos da Ufrgs, em um baita show de uma espécie de retorno da dupla. Também vi o Nenhum de Nós em duas oportunidades: uma no Theatro São Pedro e outro ao ar livre, na Praça da Encol. O do teatro foi muito melhor. Quase todos os shows em nível nacional, assim como o Cidade Negra que vi no Gigantinho em 1998, na turnê do disco "O Erê". Show muito, mas muito fraco, com pouco mais de cinco mil pessoas no ginásio. Decepção total.

O último ano da década de 90 começou novamente com uma ida ao Planeta Atlântida, desta vez, nas duas noites. E os grandes shows desta edição ficaram por conta de Engenheiros do Hawaii, Cidadão Quem, Barão, Jota Quest, Titãs e Ed Motta. Fui embora antes do show da Banda Eva, ainda com a Ivete Sangalo em excelente forma física.

Mas foi em 1999 que tive a grande emoção em shows. No Joquei Clube, os mascarados do Kiss fizeram um show monumental, histórico, inclusive com efeitos em 3D. Foi um dia inesquecível, onde fiquei desde o início da tarde na fila para entrar no local do show. Indescritível. A segunda grande emoção veio em 2000, quando ganhei um ingresso para o Rock in Rio, na noite do metal. Foram mais de 20 horas de ônibus para ir ao Rio de Janeiro para ver Rob Halford, Sepultura e Iron Maiden. Depois, mais de 20 horas de ônibus voltando para Porto Alegre, relembrando todos os momentos.

Depois disso, demorei a ir novamente em um show. Foi em 2005, quando fui ao Theatro São Pedro para assistir um sensacional Nei Lisboa voltando a tocar com banda, tendo o mestre Paulinho Supekóvia na guitarra. Em 2008, fiz uma média com a patroa e a levei no show da Ivete Sangalo no Gigantinho. Show de baita energia. E tudo certo em casa. Com isso, fiquei tranquilo para ir ao Teatro do Bourbon Country em 2009 para ver o grande Roberto Frejat, em um show pra lá de rock n' roll.

Mas o recorde de grandes shows assistidos foi batido em 2010. Começou em janeiro, quando voltei da praia para assistir o Metallica no Parque Condor. Muito calor, muita cerveja, muito metal. Depois, um sonho de quase 20 anos se realizando: Guns n' Roses na Fiergs. O grande problema é que o show atrasou mais de quatro horas (o que não é novidade na carreira do Gn'R) e Axl Rose não é mais Axl Rose. Sem nenhuma potência de voz, mas com um domínio completo do palco. Ainda teve a abertura do Sebastian Bach, ex-vocalista do Skid Row. Esse sim, um show que detonou pra valer. Fechando com chave de ouro, Aerosmith na mesma Fiergs. Especial pelo fato de ficar no setor gold, ou seja, grudado no palco, vendo todos os detalhes da memorável performance de Steven Tyler e companhia.

É claro que perdi a chance de ver grandes shows, como a Legião Urbana em 1994, que eu não consegui ingresso, e os mais recentes como Eric Clapton, Rush, Roger Waters e Paul McCartney. Mas, sinceramente, não há do que reclamar. Vi muitos shows. Todos com suas histórias. Todas bem guardadas na memória de três décadas.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Três décadas

E está indo embora a primeira semana de novembro. Isso indica que o fim do ano está cada vez mais próximo. Tá, eu sei que é uma obviedade, mas faz tanto tempo que não escrevo por aqui que queria começar de alguma maneira. Ainda mais que o fim da primeira semana de novembro também me faz lembrar que meu aniversário está se aproximando.

O legal de lembrar disso é que meu aniversário deste ano marca uma idade fechada. Pois é, no próximo dia 18 estou completando 30 anos, ou seja, abrindo a quarta década da minha vida. Isso pode assustar, mas ao mesmo tempo, me faz relembrar das coisas pelas quais passei nessas primeiras três décadas: amigos, mulheres (e na verdade nem foram tantas, dá pra dizer que foram "meninas"), shows, jogos, festas, filhos...

É muito interessante parar para pensar que já não sou mais "aquele garoto que queria mudar o mundo". Na verdade, nunca tive a pretensão de mudar o mundo, sempre quis curtir. E posso dizer que curti. Sabe aquela música do Lulu Santos, aquele cantor famoso dos anos 80 e 90, que dizia "os garotos da escola só afim de jogar bola e eu queria ir tocar guitarra na tv" ? Então, nunca fui bom pra jogar bola. Pra ser sincero, sempre fui muito ruim. E nunca fui tão bom assim na guitarra. Fui apenas bom. Aliás, não fui, ainda sou. Mas não tive a sorte e/ou competência pra tocar na tv. No entanto, muitas vezes subi em palcos e dei o meu recado, com públicos que variavam de duas a até mil pessoas.

Estou gostando de relembrar dessas coisas. Afinal, trinta anos é muito tempo. O mundo muda muito em trinta anos, imagina então uma pessoa. Mas são tantas coisas para relembrar! Acho que cada coisa merece um post diferente. Então, acho que volto amanhã para aprofundar um pouco mais as lembranças de algum determinado assunto. Acho que será shows. Foram muitos nestes 30 anos. Do primeiro ao último, de Menudo a Aerosmith...