quarta-feira, 28 de março de 2012

Os novos pais no novo mundo

Não tive o privilégio de conviver com meus avôs. Romagueira, o materno, morreu pouco tempo depois que eu completei meu primeiro ano de vida. Dele sei que era um homem muito sério, sisudo, de poucos sorrisos. De Oswaldo, o paterno, tenho vagas lembranças, já que ele faleceu dois meses antes de eu completar três anos. Era lutador. Lutava “catch as catch can”, ou o nosso atual “vale-tudo”. Ele era conhecido como o “gentleman do ringue”, pelo seu estilo elegante nos combates que levavam grande público ao ginásio da Brigada Militar, aqui em Porto Alegre. Deles sei que meus pais se orgulham muito, sempre se referem com carinho.

Meus pais trazem deles heranças no corpo e na alma. Aprenderam muito com seus pais e souberam criar a mim e minhas irmãs da melhor maneira possível. Com eles aprendi o que é cidadania, respeito, responsabilidade. Com eles, montei minha personalidade. Espero passar isso para meus filhos.
Dias atrás, vendo televisão, passou um comercial do McDonald’s que dizia que o mundo havia mudado (“só não mexa no meu quarteirão”, dizia uma voz). Uma das coisas, segundo a peça, eram os pais, surgindo um jovem tatuado, numa praia, com uma criança no colo.
É verdade. A geração nascida nos anos 80 (onde me incluo) deixou de ser jovem. Agora, essa turma deixa de ser apenas “filhos” e passam a ser “pais”. Nem todos, é verdade, mas uma esmagadora maioria. Essa galera que fazia reuniões dançantes, que jogava Atari, que se unia em rodinhas aos domingos à tarde para cantar as músicas da Legião Urbana, essa galera agora tem os seus filhos para criar. E como será essa criação ?
Eu estou com 31 anos e já tenho dois filhos. Ainda assim, não perco meu espírito jovem, apesar de andar bem carrancudo com as intempéries da vida. Sou um “jovem adulto” tatuado, que canta numa banda de rock, joga games no computador, toca as músicas da Legião Urbana no violão... e tenho responsabilidades para criar meus filhos.
Mesmo que essas características pareçam com as de um jovem inconsequente, exijo dos meus filhos o mesmo respeito que tive (e tenho até hoje) pelos meus pais. É preciso saber liberar, mas dar os limites. É preciso mostrar que é bom ser jovem, mas é melhor ainda ser um responsável com boas maneiras.
Minha esposa, uma jovem e experiente pedagoga, costuma dizer que os filhos refletem aquilo que nós, os pais, somos. Portanto, não percamos a alegria de nossa juventude, mas comecemos a nos preocupar com o que teremos no futuro. Não no mundo, como várias ONGs já estão fazendo, mas em nossas próprias casas. A criação dos filhos é responsabilidade dos pais.

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